Ação-reflexão

"Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão" Paulo Freire
Baseada em Paulo Freire, torno disponível algumas dessas "ações-reflexões" do meu trabalho como OP.
Que sirva para mim como um instrumento de auto-avaliação e para quem lê, como um divertido e interessante diário virtual.


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quarta-feira, 17 de março de 2010

Letra bastão ou cursiva

Lá na escola surgiu a seguinte dúvida com as classes de alfabetização: "qual é a melhor forma de ensino da escrita: utilizara a letra cursiva ou bastão?". Como pedagoga, sei que as possibilidades de aprendizagem de uma criança são infinitas.
Particularmente, não gosto do uso exclusivo da letra cursiva, porque o mundo fora da escola é todo letra bastão. Também não sou a favor desse único tipo de escrita, porque a escrita do quadro negro, de um bilhete, uma carta ou até mesmo de alguns tipo de fonte do Windows são cursivas. Acho que o aluno pode aprender os dois tipos e tenderá para um ou outro, de acordo com suas habilidades.
De qualquer forma, achei interessante esse artigo e postei aqui para tirar dúvidas. Levarei para as professoras lá da escola:

ALFABETIZAÇÃO: LETRA IMPRENSA X LETRA CURSIVA

Janaína Albani Dias, Renata Brogni da Silva


Com o passar dos tempos torna-se cada vez mais importante a crescente preocupação com relação à alfabetização. Governo, educadores, escolas e pais unem-se para que cada vez mais, tenhamos crianças bem alfabetizadas, formadas e tornando-se, futuramente, cidadãos críticos e profissionais qualificados.

A atenção com as classes de alfabetização é um dos pontos mais relevantes e considerados pela educação atual, pois é a base para toda a vida escolar do ser humano. É também nestas classes que os alunos tomam “gosto” pelo estudo. Desta forma, se a atividade escolar não for prazerosa, motivadora e se os professores não tornarem a educação, em especial a alfabetização, uma prática agradável, as chances dos alunos desanimarem e desapontarem-se é bastante grande.

A real preocupação com a alfabetização surgiu com o renascimento (século XV e XVI), uma vez que eram publicados livros para um público bem maior e a leitura deixou de ser coletiva e passou mais individual.

Como conseqüência da preocupação com a alfabetização surgem as primeiras “cartilhas”, com o objetivo único de dar ênfase a leitura. Depois de 1950 a cartilha passou por uma grande transformação, objetivando, a partir de então, a escrita dos alunos.

Atualmente, a prática escolar adotada, ainda baseia-se na cartilha tradicional. Porém, conforme afirma cagliari (1999, p. 31): “O processo de alfabetização pode ser diferente do método das cartilhas, procurando equilibrar o processo de ensino com o de aprendizagem, apostando na capacidade de todos os alunos para aprender a ler e escrever no primeiro ano escolar e desejando que essa habilidade se desenvolva nas séries seguintes, até chegar ao amadurecimento esperado pela escola”.

A escola, nos últimos anos, foi bastante surpreendida pelas inovações dos campos da ciência e da tecnologia. Com esses avanços, muitas teorias acerca da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo, da leitura, da escrita e da alfabetização foram sendo complementadas, discutidas e reconstruídas necessitando trazer consigo reformulações dos métodos educacionais.

Pensando nessas mudanças, questionamos: será que além de todas as dificuldades que os alunos já enfrentam no processo de alfabetização, eles têm a necessidade de aprender a ler e escrever a letra cursiva, cuja sua utilização nos tempos atuais encontra-se quase que exclusivamente na escola? Pois não a encontramos em nenhum outro lugar no contexto social? Porque a maioria dos professores continuam trabalhando com a letra cursiva, exigindo esta aprendizagem, muitas vezes como critério de aprovação?

Em função desta contradição (aprendizagem em letra cursiva X contexto social em letra bastão), identificamos a necessidade de uma pesquisa aprofundada, já que na literatura atual não há quase nada que se refira diretamente a este assunto.

Gostaríamos de salientar a relevância deste artigo, para a educação, pois verificamos, ser este um assunto bastante polêmico entre professores. Assim, esperamos que contribua e auxilie os professores alfabetizadores para que melhor desempenhem seu trabalho.

Considerada uma questão bastante complicada e duvidosa, muitos professores não sabem que tipo de letra utilizar para alfabetizar de forma mais eficaz:, bastão ou cursiva? Veja, um quadro descritivo das características das letras cursivas e bastão.







Como o objetivo da escola deve ser o de preparar cidadãos críticos capaz de transformar a realidade para melhor, a proposta de alfabetização deve naturalmente adequar-se às exigências da realidade atual. Realidade esta, em que a letra bastão esta presente em todos os momentos da vida de uma criança: em livros, televisão, revista, jornais, embalagens, rótulos, no teclado do computador. Ficando a escola como um dos únicos espaços sociais em que privilegia a escrita com letra cursiva. Muitos educadores dedicam parte do seu tempo treinando o alfabeto manuscrito com seus alunos, apesar de viverem num mundo onde a letra de forma é dominante. Desta forma, percebe-se uma grande perda de tempo e esforço por parte dos alunos e professores que tentam insistentemente a grafia da letra cursiva. Tempo este que poderia e deveria ser melhor aproveitado, com atividades desafiadoras com objetivos reais para o crescimento de seus alunos.

Percebe-se então, a dificuldade com que se defrontam estas crianças, que recém aprendendo a ler e escrever depara-se com obstáculos criados e na maioria das vezes impostos pela própria escola, que na maioria das vezes obrigam seus alunos a utilizar a letra cursiva, sendo em muitos casos um inibidor de avanços e aprendizagens, podendo trazer conseqüências bastante sérias e graves, como, por exemplo, o fracasso escolar.

Segundo ferreiro, (apud nova escola, 1996, p. 11) começar a alfabetização com letra bastão é uma tentativa de respeitar a seqüência do desenvolvimento visual e motor da criança.

No entanto, em vez dos professores despenderem a energia de seus alunos no aprendizado da letra cursiva, poderia utilizá-la para outras atividades mais importantes e necessárias para a vida dos alunos, como por exemplo: leituras, jogos, brincadeiras, músicas, etc. convictas de que as classes de alfabetização são a base para a vida escolar do aluno. Assim, esta deve ser uma etapa encantadora e estimulante para que a criança siga com entusiasmo sua vida escolar com motivação e determinação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

ADRIANA, Vera e Silva. Bastão X Cursiva, os prós e os contras de cada letra na alfabetização. São Paulo: Ed. Abril, n. 99, XI, p. 8-16, dez 1996.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização sem o ba, be, bi, bo, bu. Pensamento e ação no magistério. São Paulo: Editora Scipione, 1999.

Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF.1997

Revista Nova escola: Entrevista realizada com Emilia Ferreiro: 1996. p. 11


Janaína Albani Dias, Renata Brogni da Silva - Janaína Albani Dias - Pedagoga; Especialista em alfabetização; Cursando psicopedagogia; Professora alfabetizadora da rede pública Municipal da cidade de Gravataí/RS.

Renata Brogni da Silva - Pedagoga; Especialista em alfabetização; Diretora Escola de Educação Infantil do Município de Eldorado do Sul/RS

2 comentários:

Anônimo disse...

Creio que somente a letra cursiva não seja o correto,porém acredito que a problematização nos últimos tempos seja a forma como o professor ensina e não o tipo de letra.Para alguns professores é muito mais cômodo ensinar a letra bastão do que a cursiva.Sou a favor de que eles conheçam os dois tipos e claro possam optar por o que mais lhe convém,mas fico indignada quando ouso comentários do tipo...Todos os meios mostram a letra bastão,para que aprender a letra cursiva?
Além da coordenação motora fina ser mais desenvolvida na utilização desse tipo de letra,a organização ser mais eficiente ,ainda desenvolve um outro lado tão esquecido nos dias de hoje por a maioria dos professores.Acumplicidade.O pegar na mão para ensinar.O escrever passou a ser mecânico.Se o aluno tem mais dificuldade para escrever com a letra cursiva,ora!O carinho ea segurança que sentirá na hora de escrever compensará tudo isso e com certeza terá muito sucesso em outros tantos aspectos esquecidos nos dias atuais.
É preciso levar em conta que o problema não está no tipo de letra,mas no modismo que virou o assunto.Muitos professores sem conhecimento nem experiência nenhuma ouvem alguém falar que esta é melhor maneira de ensinar e pronto.É assim que ensino a partir de hoje.
Tenho escutado tanta bobagem nos últimos tempos em relação ao tipo de letra que é de lamentar...
Em todos os comentários que ouço a discussão gira em torno do que é mais fácil e não no que pode favorecer o aluno.
A escrita está virando uma mera mecanização,infelizmente...
Não sou contra que ensinem a letra bastão,mas que o aluno possa conhecer também a letra cursiva.
Fico intrigada pensando como surgiu este assunto que até pouco tempo nem era citado.E não podemos dizer que os meios de comunicação contribuíram para isso ,pois afinal
a letra bastão sempre existiu.
Enfim,acate isso como um desabafo e tenha um bom dia...
Giovana Goudinho Stropper

Anônimo disse...

concordo com a colega do comentário acima pois, não podemos confundir modernidade com comodismo, aprender somente a letra bastão é um retrocesso no aprendizado de nossos alunos que não serão no futuro capazes de identificar outros tipos de letras existente dentro do seu meio social, bom dia...
Penha C. S. Nunes.